terça-feira, 26 de agosto de 2014

Escrita acadêmica II - reporting words

Acho que todo pesquisador tem problema com as "reporting words". Chega uma hora que ninguém aguenta mais escrever "de acordo com..." ou "segundo...".
Já não basta que algumas dessas palavras são usadas no jornalismo e são muito informais, do tipo "... disse fulano".
Reconhece-se a qualidade da escrita do pesquisador em função dessas palavras. É através dela que os leitores percebem se o autor que ele está citando "disse", "afirma", "propõe", "enfatiza", "acredita"... entre outras palavras.
Primeiramente é bom alterar as palavras para não usar sempre o "de acordo com...". É muito chato e repetitivo.
Em segundo lugar, isso demonstra o quanto você percebeu o tipo de argumento o autor está usando e o peso que essa afirmação (se for uma) possui.
Abaixo segue uma lista de palavras-chaves e algumas opções em Inglês que eu sempre recorro quando estou escrevendo:

show: demonstrate, establish.
persuade: assure, convince, satisfy.
argue: reason, discuss, debate, consider.
propose: advance, propound, suggest.
advise: suggest, recommend, advocate, exhort, encourage, urge.
believe: hold, profess (the view that …).
emphasise: accentuate, stress, underscore.
support: uphold, advocate.
state: express, comment, remark, declare, articulate, describe, instruct, inform, report.
examine: analyse, discuss, explore, investigate, scrutinise.
evaluate: appraise, assess.
hypothesise: speculate, postulate.
claim: allege, assert, affirm, contend, maintain.
disagree dispute, refute, contradict, object, dissent.
reject refute, repudiate, remonstrate, (against), discard, dismiss, disclaim.

Fonte: Incorporating sources in academic writing: University of Melbourne

Escrita acadêmica I - thesaurus

Bendito o dia em que me apresentaram o thesaurus.
Na verdade, eu já conhecia ele, mas nunca dei muita bola. Agora, não sei viver sem ele.
O thesaurus é um dicionário de sinônimos.
Sabe quando você escreve uma parágrafo e repete três vezes a mesma palavras? É nesse momento que o thesaurus entra entra em ação.
Todo mundo tem manias e vícios de linguagem e eu tenho um problema sério com as palavras "potencialidade" e "possibilidade". Chega uma hora que você não sabe mais o que usar e acha que só essas palavras expressam o que você quer. Mentira! E o thesaurus está aí para provar o contrário.
Você pode acessar online. Tenho usado o thesaurus.com.
Quando estou escrevendo em um computador cujo editor de texto está em Inglês uso o do próprio programa. É só selecionar a palavra, clicar com o botão direito do mouse e escolher sinônimos (ou 'thesaurus' em Inglês). Acho o recurso do editor de texto um tanto quanto limitado. Gosto mais de usar o online, porque há mais opções.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Impossível não pensar assim às vezes...






Verbos úteis para usar nos objetivos:

Quando você pretende trabalhar a elaboração epistemológica de algum elemento: apontar, definir, enunciar, registrar, relatar, sublinhar e nomear.
Quando você pretende indicar a compreensão de algo: descrever, discutir, esclarecer, examinar, explicar, identificar e localizar.
Quando você pretende analisar algum fator: classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar e investigar.
Quando você pretende sintetizar: constituir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar.
Quando você pretende avaliar: avaliar, eliminar, estimar, julgar, selecionar e validar.
Adaptado de http://www.ebah.com.br/content/ABAAABo2AAG/verbos-mais-usados-pesquisas-cientificas (acessado em 25/08/2014)

Projeto de Pesquisa - Parte III - Introdução.

Eu estou no meio da reescrita do meu projeto de pesquisa. Definitivamente ele não está quase nada parecido com o que eu havia escrito quando entrei no programa.
O que eu acho que é mais difícil de se escrever é a introdução, os objetivos, a justificativa e as perguntas de pesquisa.
Na verdade, acho que as perguntas de pesquisa são as "menos difíceis" de se escrever. Por que você sabe quais são os questionamentos que pretende responder. Quando comecei a rescrita, fui intuitivamente seguindo esses passos:
1. Perguntas de pesquisa: escrevi o que eu queria responder, a partir daquilo que me intrigava. A curiosidade é o que move o pesquisador e sempre é necessário manter esse espírito.
2. Problemática: as perguntas existem, porque elas são geradas por um problema e esse problema precisa ser resolvido. Essa parte é aquela que você conta uma historinha do contexto em que você está inserido e o que te levou a fazer essas perguntas para o universo.
3. Hipótese: o que você acha que poderá ser a resposta das suas perguntas - uma dica que o universo está te dando em relação ao contexto em que você está pesquisando. É nesse momento em que eu sofro, porque sou péssima em explicar a "relevância" da minha pesquisa. É preciso mostrar o porque ela é importante em relação às outras pesquisas que existem na área, em relação às perguntas que não foram respondidas (mas isso vai aparecer dentro do projeto, não perca muito tempo com isso, seja breve.).
4. Objetivos: depois de colocar as perguntas, descrever o problema e o contexto em que ele está inserido e o que você acha que vai encontrar, fica mais fácil colocar o que você vai fazer. Os objetivos são separados em objetivos gerais e específicos. Nos "gerais" você deverá explicar a temática da pesquisa em termos gerais, como por exemplo, "o uso da tecnologia em sala de aula" (que é o meu tema). Nos específicos você deverá especificar e detelhar em que sentido pretende pesquisar esse tema geral: identificando... analisando... verificando... há verbos específicos que podem ser usados nesse item.
Quando você terminar esse processo, terá sua introdução pronta. Tem gente que escreve isso no final do projeto, começando pela revisão bibliográfica, tem gente que começa por ele. Eu faço um rascunho antes da revisão e reescrevo depois de ter concluído a metodologia.


Projeto de Pesquisa - parte II

A primeira coisa que o pesquisador precisa saber e ter consciência é que o projeto de pesquisa não é permanente.
Há momentos em que ele faz sentido. Há momentos em que ele precisa ser retomado e momentos em que precisamos reescrevê-lo. Isso não quer dizer que a qualquer artigo que você leia ou qualquer livro que você encontre é necessário alterá-lo. Não é isso.
Digamos que, antes de entrar no programa de pesquisa que você está pleiteando, você elaborou e escreveu sobre uma "ideia que você teve sobre o assunto que quer pesquisar". Essa ideia te ajuda a aprofundar a revisão bibliográfica e a redefinir "o que você quer fazer", com "o que dá para fazer", que são coisas bem diferentes.
Ao longo do primeiro ano, em que você está aprofundando as leituras e delineando os aportes teóricos que irá utilizar porque fazem sentido para você e para o seu tema, é necessário retomar o que você tinha imaginado como viável.
Nem sempre o que a gente "imagina" como viável é o que vai realmente acontecer. E o pesquisador precisa estar aberto para isso. Um projeto que não se adequa ao longo da pesquisa pode ficar engessado e não percerber as mudanças e as nuances que o tema vai adquirindo ao longo do tempo. Ou pior, não perceber os que os dados estão evidenciando.
Você pode ter certeza que não é o único no mundo a fazer pesquisa e que novas afirmações e questionamentos são feitos o tempo todo e é preciso que isso apareça no seu trabalho.
Uma pesquisa que foi baseada em um projeto que não teve uma alteraçãozinha é problema. Um pesquisador que escreve o capítulo de revisão bibliográfica nos seis primeiros meses de pesquisa demonstra uma certeza absoluta que talvez não reflita o que o campo está  pensando, mostrando apenas afirmações cristalizadas ao longo do tempo. O que de novo essa pesquisa trará?
Pode ser que isso não se aplique a todos os tipos de pesquisa nas humanidades, mas sempre desconfie de pesquisadores que possuem muita certeza do que estão fazendo.
Muitos podem não assumir, mas dificilmente um projeto termina da forma como começou.
O melhor momento de revisitar o projeto de pesquisa e verificar se suas perguntas de pesquisa são as mesmas ocorre em dois estágios:
1. depois da revisão bibliográfica: em que você checa se as perguntas  feitas são pertinentes em relação ao que a teoria está te mostrando;
2. depois da coleta de dados: porque muitas vezes os dados que você coletou te mostram evidências que são tão inesperadas que não podem ser ignoradas e isso merece ser levado em conta com alguma adaptação.
O interessante de perceber esses momentos é o quanto a sua pesquisa está avançando durante o processo. Isso faz parte e não se esqueça de confiar no seu orientador, porque muitas vezes ele percebe coisas porque está "de fora" e porque nós ainda não temos maturidade como pesquisadores para perceber isso.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Keep Writing

Uma das primeiras licoes que a minha supervisor me ensinou foi sobre a escrita. Ela me disse: nao importa o que voce estiver fazendo, escreva. Esse foi o primeiro e eterno assignment que ela me passou.

A estrutura do PhD e de tres anos, entao eu vim com a mesma ideia da estrutura de cronograma que eu coloquei para mim mesma no mestrado: primeiro ano pesquisa e revisao bibliografica; segundo ano pesquisa de campo e complementacao de leituras; terceiro ano analise e escrita da dissertacao.

Eu li muito naquele periodo e realmente estou lendo agora. Mas para todos os temas que eu leio, ela me cobra 'uma escrita', 'um relatorio' informal sobre a importancia daquela tematica para a minha pesquisa. Eu escrevo de forma academica, com citacao, fonte e toda a formatacao necessaria, correlacionando todos os temas.

O primeiro beneficio que eu estou tendo e que eu nunca escrevi tanto em Ingles na minha vida. Em cinco meses, foram (eu vou ter a coragem de contar agora) 303 paginas. A cada duas semanas eu tenho escrito um assigment de 10 paginas e isso rende mais algumas paginas de anotacoes dos livros que eu estou lendo.

O segundo beneficio e que eu tenho material suficiente para a parte teorica da minha tese, com algumas reflexoes. Alem disso, isso pode virar material para publicacao de artigos, desde que reorganizados.

O terceiro e melhor beneficio e a facilidade com que eu estou escrevendo. Escrevo quatro a cinco paginas em meio dia, sem problemas para correlacionar os temas e incluir as citacoes.

Ela estava certa quando me pediu para escrever e com certeza eu vou usar (pode ser que nao tudo) boa parte do que eu estou fazendo agora para a construcao da versao final da minha tese.

Nao tem aquele papo de bloqueio: eu simplesmente escrevo.

Ouvi numa palestra que e muito facil lidar com a escrita da tese quando a gente esta bem. tudo que a gente faz, faz com confianca e acredita no trabalho. O problema e quando a gente esta mal. A gente tenta fugir, evita, nao faz e quando realmente precisa retomar e um sofrimento. A gente nem sabe como comecar. Quando escrever se torna uma rotina, um ato mecanico, nao tem sofrimento.
Estando de bem ou de mal com a vida, tanto faz, vc simplesmente escreve.

E igual dirigir um carro de mau humor, vc so dirige. E e isso ai.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O primeiro assignment a gente nunca esquece...

Hoje foi o dia de entregar o meu primeiro assignment. A experiência foi interessante porque entrega de 'trabalho' é a mesma coisa em todo lugar: sempre dá um frio na barriga.
A gente sabe que precisa checar, ler, reler e sempre acontece alguma coisa de errado e inesperado.

Uma das primeiras coisas que eu faço junto com o texto e deixo só para conferência são as referências.
Você sabia que a gente usa a palavra 'referências' só quando a gente coloca todas as referências do texto e 'bibliografia' quando há livros que não foram mencionados no meio do texto? No Brasil, pelo que eu me lembro, usar 'bibliografia' implica que você usou só livros e as 'referências' você pode ter usado artigos, documentos. Sei lá. O que vale é seguir as regras de onde você está.
Ninguém dá importância para as referências e com certeza, seu professor vai dar. Um professor meticuloso vai ler o trabalho batendo todas as referências e você não vai querer ter pontos descontados por causa disso. Vai formatando na medida que for escrevendo. Quando você terminar o texto, ela já estará pronta. É muito mais fácil. Depois quando você for revisar, terá mais atenção com os detalhes, porque seus olhos não estarão acostumados com o texto. Sabe quando você mexe tanto na coisa que nem percebe mais os detalhes? Então, isso não acontece quando você formata as referências ao longo do texto.

As indicações de figuras, anexos, sempre olhe qual o padrão, por exemplo você colocou anexo 1 no texto e no anexo está escrito anexo A. Muita atenção. As vezes a gente não percebe como faz as indicações e acaba não prestando atenção porque não é uma informação muito importante. De novo são pontos descontados por besteira.

Conte as palavras. Pelo menos aqui na Inglaterra o número de páginas não conta, mas sim o número de palavras. A vantagem é que as referências não fazem parte da contagem e nem os anexos, então você pode colocar quanto livros quiser (desde que tenha usado todos).

Sempre salve uma cópia do seu trabalho pronto como 'versão final'. Depois de pronto, eu faço pelo menos duas leituras para correção e, fala sério, sempre tem coisa para corrigir. Mas salve em mais de um lugar e 'se mande' por e-mail. Assim você tem sempre mais de uma cópia.

E nunca, nunca, deixe para entregar no último dia. As impressoras quebram e ficam sem tinta, os sistemas caem, a internet para de funcionar, chove, os horários dos 'offices' são reduzidos... Enfim, tudo acontece no dia da entrega e você pode ainda estar zicado(a) e ter que arrumar mais alguma coisa que esqueceu. Esse foi o meu caso.

Eu não tinha visto que era necessário colocar uma capa especial e quase que eu entrego sem a bendita. A vantagem foi que eu encontrei com outros alunos do programa que já haviam entregue a versão deles e me mostraram como era para formatar a capa.

Isso é outra coisa boba, mas importante: a formatação. O formato de elaboração de trabalhos varia de universidade para universidade e é bom checar com os colegas sempre! Sempre converse com eles porque eles podem saber coisas que você não sabe a respeito do que precisa entregar.

A vantagem é que depois e entregar o primeiro, os outros serão da mesma forma, então fica mais fácil. Ai é você que vai ajudar os outros.





segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Comecando uma pesquisa do zero

Nao sei quanto a voces, mas eu nao tive boas aulas de metodologia cientifica. E o mais engracado e que na pos-graduacao as pessoas partem do pressuposto que voce ja sabe alguns termos como pesquisa empirica, etnografia, SPSS... e muitos outros.
Acho que antes de mais nada, se voce esta a fim de fazer, mas nao sabe direito como vai fazer, a melhor coisa e pegar um bom livro que fala o que e pesquisa, o que ela demanda, os tipos, suas implicacoes, as formas de coleta, processamento e interpretacao dos dados que voce coletou.

Os livros que achei interessantes seguem abaixo. Eles sao bem grandes e bem detalhados. Alguns estao baseados em pesquisa nas Ciencias Sociais e outros o foco maior e em Educacao. Acho que vale a pena o investimento.


Cohen, L.; Manion, L. & Morrison, K. (2011) Research methods in education. 7th ed. London: Routledge.
Newby, P. (2010) Research methods for education. Essex: Longman.

Punch, K. F. (2014) Introduction to social research: quantitative & qualitative approaches. London: Sage.
Robson, C. (2011) Real world research. 3rd ed. Chichester: Wiley.