sexta-feira, 17 de junho de 2016

6 é o número

Em uma das conferências que fui no mês passado, um dos painéis era sobre a 'vida depois do PhD', ou seja, como está a oferta de empregos, como procurar emprego, quais são os tipos de empregos e como deixar o seu currículo interessante para o mercado de trabalho. Um dos fatores que é praticamente determinante no currículo são as publicações que você tem. Publicar sua pesquisa é uma das obrigações de todo pesquisador, primeiro porque mostra qual é o assunto que você se interessa e pesquisa e segundo que mostra o quão ativo você é/está no seu meio. Porém, não dá para sair escrevendo qualquer coisa e publicando em qualquer lugar. Porque, afinal sua pesquisa não é qualquer coisa e você não quer que ela seja lida por qualquer um. O que determina se a sua pesquisa é de qualidade é o jornal/revista em que ela foi publicada e o fator de impacto que ele tem. Deve-se escolher a revista somente pelo fator de impacto? Não, pois o perfil da revista deve estar alinhado com o objetivo de sua pesquisa. Mas que o fator de impacto vai chamar a atenção de quem estiver lendo o seu currículo vai. Deve-se ter em mente que, durante o PhD algumas oportunidades de escrita possam surgir. Escrever enquanto o PhD se desenrolada pode ser um bom exercício, se houver tempo e principalmente assunto para se falar. A revisão de literatura que normalmente é o primeiro capítulo pode ser um bom começo. Algumas reflexões sobre o trabalho de campo também podem ser outra opção para as revistas que publicam 'relatos de experiência'. Infelizmente, algumas revistas não aceitam a publicação de não-doutores, especialmente no Brasil. Daí a oportunidade de escrever com o seu orientador. Ele pode entrar como co-autor e te ajudar a melhorar o texto e trazer reflexões sobre a sua pesquisa que às vezes a gente não tem maturidade para perceber. Mas nada desse negócio de por o nome só para poder 'passar'. Esse tipo de coisa é ridícula e acontece com muito pesquisador/orientador oportunista (e as pessoas se tocam porque a fofoca rola solta no mundo da pesquisa...). Mas voltando à conferência... o número que ouvi como 'bom' foi 6. Uma das professoras da universidade em que eu estava disse que se você tiver seis publicações com seu nome ele já passa a ser interessante para as universidades. Bom saber, assim já dá para ter um foco. Dois capítulos podem virar artigo de começo. Depois disso, outros assuntos depois que sua tese estiver pronta podem virar artigos, por exemplo, dependendo a sua estrutura de capítulos, cada um pode se tornar um artigo diferente. (Não esquecendo que teses com capítulos já publicados em revistas científicas têm um índice menor de reprovação...) E acho que nem preciso falar da diferença em publicar um artigo em Português em uma revista Qualis A1 e em uma revista internacional... Um site que acho bem útil para ter uma noção do panorama de revistas na área é: http://www.scimagojr.com/ Ele dá as informações da revista e o fator de impacto. É necessário ter em mente que o fator de impacto de uma revista em Ciências Sociais é muito menor que uma em Biociências, mas é só dar uma olhada em outras revistas para se ter uma noção de comparação. O jeito é focar no 6 e começar a produzir.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Congressos, conferências, seminários, simpósios...

Achei estranho que eu não tivesse postado nada sobre isso, já que essa é uma prática minha recorrente. Minha antiga orientadora sempre falava "participe de congressos, porque neles você conhece pessoas, mostra a sua pesquisa e se mantém atualizada sobre a pesquisas das outras pessoas". Ela sempre cobrava do grupo de estudo que ela coordenava que nós apresentássemos um trabalho no primeiro semestre e outro no segundo. Isso fazia com que a gente refletisse sobre a nossa pesquisa e andasse com o nosso trabalho, porque se o deadline de inscrição chegasse e a pesquisa não tivesse caminhado era um péssimo sinal. Com isso continuei a prática. Sempre que podia me inscrevia em um evento. A diferença é que aqui no UK a prática é outra. É muito comum eventos pequenos em que só alunos de pós se encontram para apresentar suas pesquisas. Esse ambiente não é assustado porque o perfil dos participantes é similar ao seu, então não há tanta briga de ego. Além disso as pesquisas podem ser apresentadas em qualquer estágio e daí você pode pedir feedback sobre o que apresentou. Esse formato ajuda e muito porque te prepara para o Viva (defesa) e levanta questões que às vezes são óbvias para o autor. Toda vez que apresento um estágio diferente da minha pesquisa, recebo perguntas diferentes que me fazem repensar o impacto e a validade que ela tem e a minha forma de apresentação. Sempre me questiono se as dúvidas que aparecem são em função de falhas da pesquisa em si ou na minha apresentação. Cada evento te torna mais confiante naquilo que você está falando e chega uma hora em que fica automático. Você acaba por "conversar sobre" a sua pesquisa e não "apresentá-la". Você também conhece muita gente que está no mesmo barco que você, enfrentando os mesmos problemas. Mesmo com focos e projetos diferentes, o processo é muito parecido e o evento acaba virando uma enorme sessão de terapia coletiva em que uns aprendem com os outros em como lidar com o dia a dia da pesquisa. Parcerias produtivas podem surgir de encontros como esses, pois você acaba conhecendo pessoas com o mesmo interesse, ou linha, ou problema e se acontecer de rolar uma afinidade, por que não escrever sobre isso? Vale a pena participar de eventos como esse. Nem sempre eles serão proveitosos, mas dá ver outras pesquisas e talvez outros enfoques para o mesmo problema que você nem sabia que existiam. E se estiver chata, você ainda pode sair mais e dar uma passeadinha pelo local sede. Nem tudo é flor em um jardim.