quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Parar de pesquisar? Jamais!

Uma vez pesquisadora, sempre pesquisadora.
A curiosidade em fundamentar aquilo que se está investigando e ver o que outras pessoas descobriram não nos deixa seguir em frente sem consultar as "referências".
Fiquei afastada da pesquisa no ano anterior, mas não totalmente.
Já ouvi que, às vezes, é necessário se afastar, deixar o "problema dormir" para depois conseguir perceber uma possível solução.
Mestrado e doutorado seguidos me esgotaram. Passei 2018 e 2019 sem de fato estar afiliada a qualquer universidade, sem quase ler artigos científicos, sem quase escrever. Refleti bastante. Li sobre dificuldades de aprendizagem, estudei a Base Nacional Comum Curricular e trabalhei.
Trabalhei muito. Preparei aulas excelentes, me apaixonei pela sala de aula novamente, encontrei o meu propósito, me reencontrei como profissional competente e fui feliz. Muito feliz.
Desenvolvi projetos novos, compreendi o que eu faço e porquê eu faço e com isso deixei minha cabeça de pesquisadora, que precisa ter gás para escrever, descansar. Foi muito bom.
Hoje estou bem curiosa, intrigada e sinto que está chegando a hora de começar a sistematizar o que eu estou fazendo. Ainda não decidi como, mas sinto que se sentar e começar a fazer, isso vai sair fácil, como se fosse naturalmente.
Percebo que preciso voltar a escrever mais sobre os processos e durante os processos.
2020 será um ano de muitas produções e realizações.
Preciso traçar um plano? Um não, vários. Mas isso fica para a próxima semana.
Enquanto isso, estamos de férias.

Ano Novo, Pesquisa Nova?

Talvez.
Estou com o projeto de escrever um livro sobre os estudos de caso que desenvolvi nos últimos dois anos. Nele, falaria sobre ensino personalizado, crianças com dificuldade de aprendizagem e currículo adaptado.
O pós-doc me auxiliaria nisso, pois ele serviria para direcionar a introdução e a revisão de literatura, academicamente legitimando a minha pesquisa. Além disso, eu teria alguém para me guiar e rever a minha pesquisa.
O fato de estar afiliada a uma universidade abre algumas portas e te permite contato com pessoas, oportunidades e instituições, coisa que escrevendo sozinha não seria possível.
Também tem a minha tese...
Na verdade eu estou com uma baita preguiça de retomar toda a minha tese e adaptá-la para a realidade brasileira.
Como é começo de ano e meus horários ainda não foram definidos, vou esperar começar o ano de fato, ver os desafios e daí traçar as metas para o primeiro e o segundo semestres.
Querer eu quero fazer tudo. Vamos ver o que vai dar e o que não vai.

Resultado do Pós-doc

Nem percebi que não postei sobre a aplicação e o resultado do processo seletivo.
Então...
Depois de escrever o meu projeto e pedir para uma pessoa revisar, enviei para o professor para que ele pudesse dar uma olhada e ver se estava clara a minha proposta e se o plano de trabalho estava bom. Ele só elogiou e disse que eu não precisava mudar nada. Que bom! Fiquei super entusiasmada, pois no fundo eu sabia que poderia ter apresentado um projeto com uma escrita menos pragmática e mais voltada para a "academia brasileira", mas se o professor disse que estava bom, eu acreditei.
Quando saiu o resultado, eu fiquei em choque: não pelo fato de não ter passado, mas pelo fato de entre os cinco que estavam concorrendo, minha pontuação foi a pior e muito discrepante do resto - a maioria tirou entre 8,5 - 9 e eu fiquei com 7.
O problema não foi ter ficado com o 7, mas os elogios que o professor me deu não foram elogios 7, mas pelo menos entre 8 e 9. Questionei o professor se ele poderia me dar algum tipo de feedback, já que eu não estava entendendo a divergência entre o feedback dele e da banca. Ele me justificou que, segundo a banca, meu projeto "não estava claro" e eu "propunha coisas irreais".
Dei um passo para trás, e fui reparar quem era a banca. Daí eu entendi. A banca era composta por professores da pós-graduação que estão aposentados ou em vias de se aposentar e são considerados os dinossauros da universidade. Com certeza meu projeto era confuso porque eles não entendem sobre o que eu estava falando. Eles não entendem de "assemblage" ou Deleuze e Guattari. Eles fazem parte daquela galera que só olha o "locus da enunciação" e estão interessados em perpetuar suas áreas da Língua Portuguesa e da Linguística tradicional.
Sobre as "coisas irreais", eu propunha workshops em que teria como convidados membros do Ministério da Educação da Tanzânia, das Maldivas e professores universitários do Reino Unido e do Vietnã. Provavelmente, os dinossauros não viram o meu currículo internacional. Os meus convidados participariam via skype e todos eles foram meus colegas no Departamento de Educação e Justiça Social da Universidade de Birmingham. Parece irreal conhecer pessoas de outros países e elas estarem dispostas a participarem? Por que soa irreal que eu conheço essas pessoas?
É por conta desse pensamento pequeno que a pesquisa brasileira não vai para a frente, sobretudo em áreas como a Educação.
Agora estou revendo e pensando duas vezes se realmente vou levar para frente esse projeto...
Quem sabe agora em 2020 eu reveja.