terça-feira, 12 de setembro de 2017

A Maratona e a linha de chegada - Quem é o Iron Man?

A maratona é a prova que mais exige do participante. É nela que a perseverança e a determinação fazem a pessoa ser uma vencedora ou não. Entrei na sala da defesa como se estivesse percorrendo um caminho longo e, mesmo sentada, sabia que o percurso seria tortuoso.
Acho que o 'viva' ou defesa da tese nunca é como o esperado. Eu até que estava tranquila, considerando o altíssimo grau de ansiedade que eu me encontrava naqueles últimos meses.
Eu sabia o que tinha escrito, como e por quê. Sabia o que eles poderiam me perguntar e sabia de algumas falhas da minha tese. Porém, eu acho que pegaram tão leve no meu mestrado que eu estava esperando uma conversa de cavalheiros, mesmo porque a maioria das defesas dos meus colegas daqui tinha sido no mesmo tom. Bobinha, eu...
Na defesa estavam presentes o examinador interno, o externo e um chair que administra o evento e articula a discussão. Pelo que entendi ele deveria ser responsável, junto com o interno em lidar com o externo e manter a situação justa. Não achei que foi isso que aconteceu.
Eu me senti metralhada na defesa. O examinador externo fez muitas críticas com relação à detalhes estruturais da tese e que alguns trabalhados importantes estavam faltando. Não foi uma conversa e eu tive que me justificar por muito tempo. Ele foi de página em página, de capítulo em capítulo, coisa que não deveria acontecer aqui pelo que me falaram.
Segundo minha orientadora é educado e de bom tom citar e usar o trabalho dos examinadores. Usei de ambos, mas a minha externa não gostou da escolha e alegou estar desapontada. Não posso afirmar se ela pegou no meu pé por conta disso. Reconheço o que ela apontou como falha estrutural, segundo uma concepção tradicional de gênero escrito de tese, mas as falhas de conteúdo que ela pontuou são questionáveis, uma vez que ninguém pode citar todos os trabalhos do mundo.
Não achei que a administração foi muito justa, porque ninguém interrompeu o que o externo estava falando. O interno pegou muito mais leve e com ele eu consegui ter uma conversa. O primeiro estava focado em apontar as falhas e o segundo em discutir e entender como desenvolvi a pesquisa. Eu senti que houve uma legítima discussão que contribuiu para o meu desenvolvimento com o segundo, mas com o externo foi basicamente a elaboração de um check-list para incluir na tese.
E assim foram 2 horas e meia, quase três. Passei com major, uma vez que tinha muita coisa para corrigir. Demorei duas semanas para corrigir tudo e segui à risca o que eles recomendaram.
Mas isso pouco importou porque terminei a prova. Posso não ter terminado em primeiro, mas finalizei a prova.