sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Travei

Isso acontece com todo mundo e pode ser a qualquer momento, sem motivo nenhum. Até agora eu não tinha travado. Em quase dois anos tenho escrito e nunca tive brancos ou empecilhos que não me deixassem escrever. Não posso falar que foi um branco, porque tenho coisa demais para falar na minha tese. Eu estava escrevendo uma análise e eu sabia exatamente quais os temas abordar. Já tinha todos os conceitos, as referências, as citações. Sabia como encadear o argumento. Mas eu sentava para escrever e não conseguia. Eu olhava para o texto e achava que era perda de tempo. Não entendia o porquê de sentar na frente do computador, tentar e não sair. A todo parágrafo que eu escrevia, eu pensava que não estava certo. Há uma discussão entre o uso de celulares em sala de aula e o mobile learning e era sobre isso que eu ia discurtir. Porém eu começava e parava. Estava sendo dolorido. E o que eu ouvia da minha consciência era 'é perda de tempo'. Demorei duas semanas para tentar entender a razão, mesmo porquê eu teria que justificar para a minha supervisor o que estava acontecendo. Eu disse para ela que eu sabia quais os tópicos teóricos usar, que estivessem relacionados com a aula que eu estava analisando; conseguia estabelecer a relação entre os elementos do mobile learning e a problemática do uso de celulares em sala de aula; mas eu não estava convencida da estrutura que eu estava tentando usar na análise. Não era um problema de conteúdo, mas de estrutura. Eu achava que a forma como eu estava escrevendo não refletia a perspectiva teórico-metodológica que estou me baseando. Se você está defendendo algo, deve se apoiar nisso, não usar estratégias e recursos que dizem o contrário do que você está fazendo. Se sua pesquisa é realista, você deve usar métodos e teorias que reflitam o que você está fazendo. Se você adota um perspectiva subjetivista, suas análises serão baseadas em interpretações, não em estatística. Foi a falta de uma estrutura apropriada que fez com que eu não estivesse convencida do que eu estava tentando dizer. Estou refletindo em como fazer isso, mas me tranquiliza saber que o motivo não foi a minha falta de conhecimento do assunto, mas a necessidade de elaboração de uma estrutura inovadora. Espero descobrir como fazer isso. Mas só em Janeiro. Boas Férias.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Pequenas Conquistas

O processo de desenvolvimento do doutorado é lento, durando de três a cinco anos. A princípio parace interminável, mas de repente você já está na reta final. Em um mês estarei entrando no último ano, cujo foco é a escrita. Já estou com praticamente tudo pronto para começar. Porém, sāo tantas as coisas que acontecem ao mesmo tempo nesse processo, que se você não tiver claro quais são seus objetivos e quais são os passos que você tem que passar para chegar lá, você se perde e não consegue perceber as pequenas conquistas que vão surgindo. Damos a maior importância e atenção para o resultado final: a tese escrita, mas esquecemos que o término da leitura de toda a teoria necessária também é, ou, que manter a lista de referências e publicações do Endnote atualizada também é uma façanha que poucos conseguem. Hoje fui devolver cinco livros na biblioteca e se tudo der certo até sexta-feira devolverei mais dois, pelo menos. Essa devolução representa que algumas coisas já foram concluídas e irei partir para a próxima parte ou passo. São nesses pequenos detalhes de devoluação de livros, de término de escrita e de pequenas organizações que a gente tem que perceber que as coisas estão andando e se parabenizar por isso. Todas as vezes que conseguir fazer alguma coisa assim, pare e perceba que mais um passo foi dado e se dê uma recompensa, pois aquilo foi feito com esforço. Isso ajuda a lembrar o quão importante é o processo e que você merece estar fazendo a sua pesquisa. Cheers!

sábado, 5 de dezembro de 2015

Analisando, analisando, analisando...

São tantos os dados e as informações que o trabalho de campo traz que às vezes a gente fica perdido sem saber direito o que fazer. Por onde começar é facil: você olha tudo, como se fosse 'rever' ou 'recapitular' o que aconteceu. Daí você começa a atribuir sentido em tudo o que você viu ou experienciou, talvez codificando, atribuindo sentidos e termos para nomear o que aconteceu. Depois você tenta explicar o que aconteceu interpretando os dados e as informações. Mas fazer tudo isso não lhe dá garantia de que alguma coisa saia dali. E isso causa muita ansiedade, insegurança, depressão. Esse trabalho é infinito e interminável. Mas é necessário manter a fé enquanto se faz. Como pesquisador e expert na área em que está atuando, você deve ter o feeling e seguir seus instintos sobre o que o trabalho de campo te mostrou. Existem coisas que ao serem presenciadas você já sabe que são relevantes, você sabe que isso deve constar nas suas análises. Porém, o que você não considera como relevante deve ser colocado de lado por um momento. Depois você retomar esses dados, checando novamente se o que foi ignorado deve realmente ficar de fora e porquê. Isso dará segurança do que incluir e não incluir, reforçando a narrativa que está por trás da história do seu PhD. Considerar o PhD como uma história a ser contada ajuda no estebecimento da coesão e da coerência dos elementos a serem usados para integrarem a tese. Mas o cuidado que deve se ter é se os elementos que foram escolhidos para contar essa história são os mais relevantes e se condizem com a realidade, não negligenciando outros fatores importantes também. Cuidado é preciso.