terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Parceiros / Colegas (ou não?)

A rotina do doutorado/PhD é muito solitária. Apesar de existirem disciplinas a serem cursadas em que você conhece algumas pessoas, aquilo que você faz depende somente de você. Nas Ciências Humanas, não há um laboratório em que você convive com outras pessoas. Você basicamente lê e escreve, havendo um trabalho intelectual. Dependendo da pesquisa, há trabalho de campo, em que você lida com pessoas com entrevistas, observações, aplicando questionários. Há ainda a possibilidade de 'action research', mas isso é só uma parte do trabalho. No momento em que você vai realmente construir o trabalho escrito ele é bem solitário. E, a menos que você tenha um office que você trabalhe com outras pessoas, você acaba se isolando em casa ou na biblioteca da Uni para escrever. Daí a interação social fica reduzida. É sempre bom estar no meio de pessoas que conheçam a sua pesquisa, em que você possa compartilhar aquilo que está martelando sua cabeça ou uma dificuldade qualquer. As pessoas acabam contribuindo com dois tipos de comentários: aqueles que realmente podem te ajudar porque elas estão vendo seu problema por outro ângulo; ou aqueles que não tem nada a ver e que te fazem perceber o quanto você conhece a sua pesquisa a ponto de saber a besteira que a outra pessoa está falando. Porém, você precisa discernir o tipo de pessoas que estão perto de você. Existem pessoas que podem legitimamente contribuirem com o seu trabalho, como existem pessoas que podem querer encarar isso como uma competição. É com essas pessoas que você tem que se preocupar. Algumas pessoas se sentem melhores e se auto-afirmam sempre na comparação com outras, colocando o que as outras conseguem em um plano inferior. Essas pessoas vão ficar sempre perguntando em que estágio sua pesquisa está, farão comentários sobre estar atrasado ou não, sobre as suas escolhas e métodos e utilizarão suas fraquezas e dúvidas para reafirmarem que a pesquisa delas são melhores. Cuidado com essas pessoas. Elas não fazem bem para você porque elas têm a capacidade de te colocar em dúvida sobre a sua própria competência. Na verdade, elas é que estão em dúvida sobre a pesquisa delas e precisam disso para se auto-afirmarem. Não caia nessa. Saiba identificar quem são seus futuros parceiros acadêmicos e ignore as pessoas negativas. Dê respostas vazias e sempre se coloque como superior ou a frente do que você está fazendo com um olhar positivo. E não dê trela, porque essas pessoas vão continuar a te fazer perguntas sobre o seu trabalho para ver se acham alguma falha. Use-as em seu benefício e saiba que é bom ficar longe delas em um futuro acadêmico.