segunda-feira, 28 de março de 2016

Incertezas

O post anterior também foi em relação às dúvidas que surgem ao longo do PhD. Na verdade, acho que não há um momento em que você não duvide do que está fazendo. Antes da tese concluída, você só pensa se está fazendo da melhor forma e da mais adequada. O que a gente esquece é que estamos fazendo da melhor forma POSSÍVEL. É o que deu. Não que isso invalide o esforço ou que o trabalho poderia ter sido melhor. Às vezes a gente não tem a maturidade para entender determinadas coisas. Às vezes a gente não percebe determinadas coisas. Daí entra o orientador. Meus orientadores são ótimos porque eles não percebem o meu doutorado como uma possibilidade minha de desenvolvimento de pesquisa. Minha pesquisa poderia ser qualquer coisa, desde um compilado de resultados como uma reflexão teórica profunda. O que eles estão focando não é somente em uma produção de qualidade, mas em uma produção que faça com os outros pesquisadores me reconheçam e considerem o meu trabalho como um trabalho de qualidade. Confio nos meus orientadores de olhos fechamos, mas às vezes, pelo fato de não perceber determinadas coisas que eles já possuem maturidade para tal, a ansiedade vem e daí a incerteza de estar fazendo um trabalho bom, razoável, ou o melhor. A gente deve ter a certeza de que, dentro das nossas possibilidades, estamos fazendo o nosso melhor trabalho e se os nossos orientadores estão do nosso lado, ótimo, podemos contar com eles. Confiar é fácil, difícil é ter a paciência e a resiliência durante todo o processo. Ainda mais quando o relógio tá marcando...

sábado, 19 de março de 2016

Dúvidas

Se a tese tem a estrutura adequada; Se cada capítulo reflete a sua pesquisa; Se os conteúdos estão bem explicados; Se você entendeu direito o que o seu orientador disse quando 'você deveria'... Se você usou a teoria mais relacionada; Se você usou os autores certos; Se você citou corretamente esses autores; Se você entendeu o que esses autores queria dizer quando... Se você analisou todos os dados; Se você não deixou passar nada durante a análise; Se a entrevista daquela pessoa que se recusou a participar faria a diferença; Se você usasse outra teoria o resultado seria outro (melhor); Se a banca vai entender; Se outros acadêmicos vão se interessar; Se vai dar tempo; Se você vai passar (com minor corrections); Se tem vida após o PhD...

sexta-feira, 11 de março de 2016

Davi x Golias

Os momentos de análise costumam ser bem práticos e a descrição da metodologia é bem direta. Porém, a reflexão, a escolha e a escrita da teoria envolve um trabalho intelectual bem grande. A pressão que se sente ao se escrever esse capítulo é enorme, pois você estará fazendo sentido do trabalho de grandes teóricos e de outros pesquisadores que estão desenvolvendo suas hipóteses. Esses pesquisadores provavelmente já estão pesquisando mais tempo que você e possuem um lugar na academia. O pensamento de que você pode falar uma grande besteira assombra o autor a todo momento. O capítulo de teoria, como toda revisão de literatura, deve falar do que há de mais inovador e atual em pesquisa em relação ao tema estudado e prover insights sobre como aquele tema será analisado. Mas o que mais é assustador não é falar dos outros, é ter consciência que você faz parte dos 'poucos' que ousaram interpretar filósofos contemporâneos, como Gilles Deleuze and Féliz Guattari, no meu caso. Uma vez que não há muita pesquisa na área utilizando os conceitos desses teóricos, não há muito o que se comentar em cima da pesquisa dos outros, mas desenvolver interpretações e tentar se fazer ouvir no meio dos gigantes. É como se você estivesse tentando entrar no Olimpo. (Na verdade não, porque quem está no Olimpo é Deleuze and Guattari, então é como se eu simples mortal, estivesse tentando falar com os semi-deuses). É como se a academia fosse o Golias cheio de experiência e você o mirrado Davi, que é pobre e desprovido de pesquisa. Enfim, a pressão que se sente ao tentar se fazer ouvir nesse meio e ser ouvido é muito grande e o auxílio dos orientadores nessa hora é muito bem-vindo. Eles poderão te guiar no que concerne às amarrações, às teorias são opostas e até mesmo no estilo de escrita para que sua tese seja fácil de entender. O que não se pode esquecer é que é você o responsável por essa voz, independente das consequências. Para o sucesso ou para o fracasso.