sexta-feira, 19 de junho de 2015

Férias

Essa é uma palavra que um aluno de PhD não acredita existir. Uma vez aluno Full-time, você realmente precisa ter muita dedicação e organizar o seu tempo de uma forma que o seu projeto ande e renda. Muita coisa depende de fatores externos, que devem ser levados em conta no momento da programação do calendário anual e uma delas são as férias. Elas são saudáveis e necessárias. Se afastar um pouco da pesquisa faz bem e faz a gente perceber o que não está vendo. Programe no mínimo uma semana de férias por ano. Mas não vale ser a semana do Natal. Tente não acessar e-mail e não leve nada para ler, porque não é esse o propósito, de colocar as outras coisas em dia... Vá para um lugar diferente, que não te lembre o ambiente de trabalho e aproveite. Você vai ver que esse tempo será muito bem aproveitado e perceber o quanto ele faz falta.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Transcrições de audio

Dependendo do projeto que você desenvolve, uma das formas de coleta de dados é a entrevista. Para o meu estudo, estou observando aulas e entrevistando pessoas relacionadas ao ambiente que estou observando e também pessoas relacionadas à educação em geral. O processo de desenvolvimento do questionário envolve elementos específicos que não vou abordar agora, mas com certeza as perguntas têm um propósito, a ordem que elas aparecem não é randômica e às vezes você precisa de uma explicação, ou prompt, como chamamos. Nem preciso falar que é interessante 'pilotar' a entrevista para ver se não tem nada de errado com as perguntas... Enfim, vamos supor que seu questionário está ótimo. Você terá dois tipos básicos de entrevistados: os que falam muito e os que falam pouco. Não sei se dá para medir alguma coisa, mas vamos tirar como base o meu interview schedule que tem 18 perguntas. Uma pessoa que fala pouco tem demorado 15 minutos para responder. Porém, uma pessoa que fala muito demorou 40 minutos para responder a mesma coisa. 40 minutos é menos que uma hora e a pessoa que não tem prática vai achar que não vai demorar muito para transcrever. Esse transcrição de 15 minutos demorou três horas. A pessoa falava claramente e pausadamente. Não tive problemas. Porém, uma pessoa que demorou 18 minutos para responder 30 perguntas, porque ela falava pouco, demorei seis horas para transcrever. Isso aconteceu porque a pessoa tinha uma dicção ruim e eu não estava acostumada com o sotaque. Essa é outra questão: lidar com transcrição em outra língua. Na nossa língua materna, você infere o que a pessoa fala por conta do contexto. Mas em outra língua, às vezes as pessoas usam um vocabulário específico com gírias e expressões que não dá para prever. Só a título de curiosidade, ainda não fiz a transcrição de 40 minutos. Estou enrolando para fazer porque sei que vai dar um trabalho danado. Estou fazendo as entrevistas e transcrevendo no máximo na semana seguinte. Primeiro para não esquecer o que aconteceu e não perder o contexto e segundo para não deixar acumular. Eu enjôo fácil do que eu estou fazendo e preciso ficar mudando de tarefa. Se eu fosse só fazer entrevistas e depois só fazer transcrições, seria muito chato. Um dos outros pesquisadores daqui fez cerca de 30 entrevistas, todas de uma vez só e não transcreveu nada. Agora ele irá transcrever. Perguntei para ele quantas horas de audio ele tem e ele não me disse. Se for para tirar uma média das minhas entrevistas, se ele entrevistou 30 pessoas e levou 30 minutos cada, são 900 minutos. Se eu levar cinco horas a cada trinta minutos, vou precisar de 150 horas. Isso daria seis dias ininterruptos. Se você trabalhar oito horas por dia, daria 20 dias. Parece pouco. Mas acho que é muito trabalho para deixar para fazer tudo de uma vez. Acho que ir transcrevendo na medida em que se vai entrevistando é uma boa opção porque você não deixa esfriar a memória e não se sobrecarrega de fazer uma coisa ou outra.