sábado, 24 de dezembro de 2016

Só acaba quando o fim chega...

Sim, hoje é véspera de Natal e sim eu estou trabalhando.
Se eu me sinto mal com isso? Sim, me sinto culpada por não estar tirando o dia de folga assistindo filmes inúteis e conversando com os amigos.
Se eu estivesse no Brazil, teria ficado de pijamas o dia inteiro, passado na casa de um dos meus padrinhos de casamento porque o aniversário dele é hoje e assistido algumas séries bobas para esperar o horário de trocar os presentes na ceia. Tudo é claro num calorão encantador.
Porém, a realidade é outra. Meu primeiro deadline da entrega do draft da tese é Janeiro. Tenho que entregar a introdução, revisão de literatura, metodologia e análise até 31/01. Já entreguei os três primeiros itens, faltando 'só' a análise. Se eu pensar por esse lado a situação é animadora. 3/4 da tese já está pronta e entregue e 2/4 já foi revisada por um dos meus orientadores, o que me leva à primeira correção. A Metodologia precisa ser lida e comentada por eles ainda. Estou agora fazendo a análise.
Por outro lado, minha análise tem seis estudos de caso. Acabei de terminar o primeiro e digamos que estou no meio do segundo. Os três primeiros são escritas que eu estou começando do zero. Os outros três são refacções de capítulos que já produzi e preciso adaptar. Teoricamente os três últimos são mais fáceis de serem feitos. Coloquei como meta para mim fazer três antes do Ano Novo e três depois. As revisões ficaram para Janeiro.
Não consigo ficar em paz se eu não 'sentir' que estou trabalhando e fazendo o meu melhor. Não estou fazendo o impossível, mas o que dá, de uma forma que eu me sinta bem em relação ao meu trabalho. Acho que não tem nada pior do que se sentir culpada em relação a um trabalho não realizado.
Infelizmente, aqui as festas de fim de ano não possuem a mesma importância que no Brasil, então as pessoas trabalham sem achar ruim. Na verdade eles acham estranho se você parar totalmente. Há deadlines perto do ano novo e provas logo na segunda semana de janeiro.
Acho que também a pressão de estar terminando aumenta a carga de ansiedade e faz com que a gente pense que qualquer tempo não usado na tese está sendo gasto em bobeira e isso poderia afetar seu rendimento.
Enfim, com festas ou não, tenho mais um pedaço da minha análise para fazer antes de conseguir de divertir. Sei que tudo é uma questão de planejamento e disso eu entendo. Porém, nesses momentos a ansiedade fala mais alto.
Então espero que o Natal e Ano Novo seja repleto de escritas e análises bem sucedidas para aqueles que, como eu, estão precisando.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Supervisors...

Quando é o momento de ir contra o orientador? Até que ponto ele sabe realmente o que está fazendo ou está divagando... A relação com os orientadores é complexa e dessa complexidade deve sair uma produção acadêmica. Porém, a forma como esse produto sairá envolve relações que são acima de tudo políticas. A relação com os orientadores deve ser boa: amigável a baseada na confiança. O orientador é uma pessoa com mais experiência, que conhece o processo intelectual e burocrático e está ali para ajudar. Mas até que ponto essa confiança não se torna submissão e o orientando passa a não ter coragem de falar não e impor sua voz. Existem orientadores com diferentes modelos e costumes de trabalho e às vezes, a forma como eles trabalham não é a mesma que a sua. Até que ponto isso se torna um problema? Infelizmente, isso depende do orientando, até que ponto nós deixamos a forma diferente deles agirem e trabalharem dificultarem o nosso trabalho? O que me preocupa é até que ponto o orientando é teimoso e não aceita as orientações de trabalho por conta dessa diferença de visão do processo de produção. Cada um produz de uma forma e se o orientando produz de uma determinada forma, não seria mais adequado o orientador se adaptar à forma do orientando? Isso resultaria em um embate de relações de poder? Acredito que sim e eu não tenho a menor ideia do que seria o mais adequado. O que tenho experienciado com outros pesquisadores (orientandos e orientadores) é a briga de egos, a teimosia e a falta de compreensão por conta da falta de comunicação. Por disso eu gravo em audio todas as nossas reuniões porque muitas vezes eu não entendo completamente o que eles me falam ou registro parcialmente o que foi determinado. Não é uma questão de língua, mas de registrar uma impressão e não outra e fixar naquile pensamento. Muitas vezes fiquei achando que fui muito criticada e não fui. Outras achei que não havia problemas e eles me indicaram exatamente como resolvê-los. Ao ouvir novamente o audio pude perceber como sair de situações e ver exatamente o que eles estavam me pedindo. Enfim, transparência, clareza e confiança são elementos fundamentais que devem ser a base de uma relação em que a comunicação é aberta. A partir daí pode ser que surja uma relação de amizade duradoura, mas que uma dissertação ou tese tem que sair, a isso sim tem.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A Primeira Publicação em Jornal Qualis A1

Na semana passada recebi um e-mail com a divulgação da edição especial em que o meu primeiro artigo Qualis A1 foi publicado. O indicador Qualis representa a qualidade do jornal em que trabalhos científicos são publicados. O maior índice é o A1, seguido de A2, B1 e assim por diante. Somente os artigos de qualidade são publicados nessas revistas. Logo, quando recebi o e-mail de divulgação sabia que parte da missão estava cumprida. O pesquisador deve estar atento quando as chamadas para as publicações saem. Nem todos os jornais recebem artigos para publicação em 'fluxo contínuo', então um cadastro nos jornais que você considera importante é uma estratégias para sempre se manter informado. Recebi a chamada de publicação em dezembro do ano passado e já havia encerrado o prazo de submissão de abstracts. Como a edição especial tinha tudo relacionado com a minha tese resolvi mandar a proposta mesmo com o prazo vencido. E deu certo: a proposta foi aceita. Tive mais seis meses para elaborar o artigo. Esse processo nem sempre é rápido e não se encerra na submissão. Com a revisão feita por pares, depois do artigo ser submetido, ele é enviado para especialistas que irão dar o parecer daquilo que você escreveu. Eles pode negar de cara o seu artigo ou dar sugestões de como melhorá-lo para que seja definitivamente aceito. Recebi o aceite parcial em julho e tive um mês para adequar o artigo conforme as orientações dos pareceristas. Ainda corria o risco dele ser negado. Mas não foi. Hoje ele está publicado em uma das maiores revistas em educação no Brasil. Esse artigo representa parte da minha tese que está em processo de finalização. O fato dele ter sido aceito para publicação prova que minha pesquisa tem espaço e merece visibilidade. Mostra também que há qualidade naquilo que eu fiz e isso me deixa orgulhosa, além e satisfeita. Esse foi só o primeiro de muitos outros.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Apresentação em Congressos, Conferências...

Não tem coisa mais chata do que leitura em conferência. A pessoa chega, saca 10 páginas de um documento do word, com fonte times new roman 11, espaçamento simples e lê durante 15 minutos. Me desculpem aqueles que fazem isso porque 'é comum na área'. Mas que é chato é chato demais. Às vezes eu não consigo prestar atenção nem se o assunto me interessa. Desviamos a atenção naturalmente porque somos seres pensantes e temos muita coisa na cabeça. Mas esperar que o público tenha prestado atenção de verdade e ainda querer perguntas e contribuição é demais. Não dá para repreender a galera que saca o celular e fica checando o whatsapp. É falta de respeito, com certeza. Mas de quem? Se a pessoa lê, dá a atender que não conseque 'falar sobre' o assunto. O apresentador precisa de recursos de retórica para manter o público atento. Uma boa conversa sobre o assunto é o suficiente para manter a atenção da pessoa. Mas só a empolgação do apresentador não é o suficiente, porque o é interessante para mim pode não ser para o outro. Usar recursos visuais sempre ajuda. Eles devem ser usados para ilustrar o que você está falando, reforçando a mensagem. Não é necessário montar uma apresentação cheia de imagens, vídeos e informação. Muita informação visual também não ajuda a passar a mensagem. Deve-se dosar aquilo que se quer ilustrar, se não a audiência também fica perdida e não sabe se presta atenção em você, na sua fala ou na imagem. Deve-se considerar que pessoas auditivas são as mais difíceis de se encontrar. Por outro lado a maioria é visual, por isso usar recursos visuais sempre vai ajudar a maioria da sua audiência. Se você é daqueles que só lê ou só fala e 'azar da audência', me desculpe. Você pode até ser contra usar recursos visuais, achar que sua pesquisa é mais importante e 'quem quiser prestar atenção que preste'. Não é assim que as coisas funcionam e sim, você será avaliado por não ter usado recursos visuais. O uso de recursos visuais, nem tanto audio, mas mais figuras e gráficos hoje é tido como uma das habilidades básicas e se você não as usa, a mensagem indireta que você passa é que não consegue lidar com isso. É essa a imagem que você quer deixar? Porque prestar atenção na sua pesquisa ninguém vai mesmo...

sábado, 30 de julho de 2016

Quanto custa um PhD no Reino Unido?

Agora que eu estou chegando no fim do processo, comecei a me perguntar quais informações eu deixei de mencionar. Acho que a mais importante e que afeta a decisão de todos é o valor. Muitas universidades oferecem o valor anusl do curso no site, pois nem todas as instituições no exterior são públicas. No caso do Reino Unido, há uma outra questão, pois o valor que está no site é para cidadãos britânicos. No caso de alunos 'overseas' o valor a ser pago muitas vezes é o triplo. Então a primeira dica é: entre em contato com o international office da uni e questione o valor. Existem bolsas de estudos internacionais e na universidade, mas raramente elas são direcionadas à América Latina, então brasileiros já estão fora. Há chamadas anuais das agências brasileiras e elas são sempre uma opção. Com ou sem bolsa, certifique-se de quanto é necessário para viver no país, pois além de pagar a tuition fee, você precisa comer, pagar aluguel e dependendo das escolhas que fizer, pode economizar dinheiro. Por exemplo, as acomodações da universidade são caríssimas, mas são muito perto do campus, não sendo necessário gastar com transporte público. Olhe os costumes do país de destino. No UK é comum pagar as contas de água a cada seis meses e luz a cada três. O valor do gás é baixo, então o aquecimento a gás é muito mais econômico. Comer no restaurante do campus não é a mesma coisa que o 'bandejão'. Aqui eles têm o mesmo valor de restaurante e não se come bem o suficiente para justificar o gasto. Acidentes acontecem. Verifique o sistema de saúde. Até que ponto não vale a pena fazer um seguro? Não conte com trabalho. Dependendo do visto que você tiver, se você puder trabalhar, o valor talvez não seja o suficiente para cobrir todos os seus gastos. Pense que isso será um extra. A tuition fee é normalmente paga no início do ano letivo integralmente. Tenha o dinheiro de todos os anos em caixa e mais uma reserva. Tenha bem claro quais são os seus hábitos financeiros, para não cair em uma ilusão ou ser pego de surpresa.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Keep writing II

Por conta de um contra-tempo de saúde, tive que interromper a minha rotina de escrita. Desde fevereiro estava acostumada a escrever pelo menos mil palavras por dia. Em um dia produtivo chegava a escrever 2500 fácil. Infelizmente isso não deu certo. Agora que estou retomando as atividades de rotina, estou escrevendo o que tem potencial para ser meu último capítulo de análise. Estou amarrando alguns ítens de teoria e a mensagem principal que quero deixar com a minha tese. Mas como tem sido difícil! Parece que a cabeça não consegue organizar o pensamento. Parece que as palavras certas não estão vindo. Eu sei o que e quero falar, mas o 'como' não está saindo. Isso não é branco, porque o branco dá quando a gente não sabe o que falar. Eu sei exatamente o que eu quero falar. As palavras CERTAS não vem. Diminui minha produção para pelo menos 500 palavras, para pelo menos pegar o ritmo de novo. Sei que isso é questão de tempo e eu tive o mesmo problema em janeiro quando fui recomeçar a escrever. Uma das estratégias que estou usando é escrever a partir de temas. Comecei com um e só vou mudar quando terminar essa seção. Outra estratégia é fazr alguma coisa em relação a escrita todos os dias, por exemplo eu releio e arrumo pelo menos uma página por dia. Isso faz om que o progresso não seja muito, mas pelo menos hä progresso.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Contratempos

Uma das coisas mais importantes que um projeto de pesquisa deve ter é o cronograma de pesquisa. Sempre é bom deixar algum tempo a mais para que haja margem para o atraso ou readaptação do projeto. Dificilmente as coisas acontecem como a gente planeja. Há grandes chances do cronograma estar 'dentro do prazo', mas isso não significa que o cronograma foi cumprido a risca, com todos os itens feitos exatamente como foram planejados. Além dos contratempos que o trabalho de campo e a coleta de dados podem trazer, muita gente se esquece que nós somos humanos e ficamos DOENTES. Falo isso porque há um mês e meio eu tive um problema de saúde que afetou o meu desempenho. Efetivamente eu não trabalhei por uma semana, mas logo depois consegui voltar parcialmente às minhas atividades. Depois de um mês e meio estou quase boa, mas não consigo ainda trabalhar com a mesma rotina que tinha. O que isso significa? Se eu tivesse um cronograma apertado, talvez eu estivesse um mês atrasada. Para as pessoas que trabalham com as coisas de última hora, prazos já teriam sido perdidos. Como eu estou trabalhando com três meses de adiantamento, isso não afetou muito. Consegui tirar duas semanas somente para a minha recuperação e isso foi fundamental. Hoje, ainda não consigo escrever o quanto escrevia, então estou tendo que colocar metas restritas por dia para conseguir manter prazos e não estragar com a minha recuperação. O autoconhecimento aqui é o segredo. Se você sabe que tem problemas com prazos e organização, desenvolva estratégias de produtividade. Mesmo porque isso reflete negativamente na sua imagem... É necessário também conhecer os próprios limites e respeitá-los. Caso contrário nos frustramos se não conseguimos alcançar nossos objetivos. Contratempos acontecem com todos e são imprevisíveis. Mas se eles acontecerem, ninguém vai querer saber da justificativa, só dos resultados.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

CV - manter sempre atualizado

No começo de qualquer carreira, uma das coisas com que a gente mais se preocupa é com o nosso currículo. É ele que vai mostrar quem nós somos e do que somos capazes de fazer. O VC não é uma coisa que é feita do dia para noite. Ele demanda anos de produção e trabalho. Ao passo que você adquire experiência você vai adicionando linhas para expressar o quanto você tem valor. Porém, no Brasil, ter um documento com uma lista de qualificações não é o suficiente para pesquisa. É necessário que você tenha cumprido com determinadas tarefas e tenha um perfil em um determinado lugar: a Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br). A Plataforma Lattes é a base de dados de pesquisadores e grupos de pesquisa inscritos no CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa, relacionado ao Ministério da Ciência e Tecnologia). A comunidade científica brasileira demanda que todo pesquisador tenha um perfil na plataforma e esteja atualizando-o constantemente. Essa atualização deve ser feita para mostrar que você está em atividade constante (pelo menos a cada seis meses). Por atividade eles entendem como produção científica: escrita de livros, participação em congressos e publicação de artigos. Cursos de capacitação também contam, mas não tanto como o desenvolvimento de pesquisa. Estar 'trabalhando' em uma faculdade/universidade não é o suficiente para um pesquisador. Isso dá a entender que a pessoa não está se atualizando por meio de pesquisa e não está contribuindo para o desenvolvimento da ciência e do conhecimento. Colocar algumas metas anuais ajuda a manter o currículo em constante atualização. Por exemplo, se você se programar para participar de dois congressos e desenvolver um artigo/relatório por ano, você consegue manter um ritmo constante de produção. Mas a gente sabe que é preciso ter dinheiro e tempo para fazer isso. E se a gente não fizer, alguém vai fazer. O melhor mesmo é manter a calma e ir complementando aos poucos o currículo e encará-lo como um processo de update constante que só vai refletir em benefícios para a sua carreira.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

6 é o número

Em uma das conferências que fui no mês passado, um dos painéis era sobre a 'vida depois do PhD', ou seja, como está a oferta de empregos, como procurar emprego, quais são os tipos de empregos e como deixar o seu currículo interessante para o mercado de trabalho. Um dos fatores que é praticamente determinante no currículo são as publicações que você tem. Publicar sua pesquisa é uma das obrigações de todo pesquisador, primeiro porque mostra qual é o assunto que você se interessa e pesquisa e segundo que mostra o quão ativo você é/está no seu meio. Porém, não dá para sair escrevendo qualquer coisa e publicando em qualquer lugar. Porque, afinal sua pesquisa não é qualquer coisa e você não quer que ela seja lida por qualquer um. O que determina se a sua pesquisa é de qualidade é o jornal/revista em que ela foi publicada e o fator de impacto que ele tem. Deve-se escolher a revista somente pelo fator de impacto? Não, pois o perfil da revista deve estar alinhado com o objetivo de sua pesquisa. Mas que o fator de impacto vai chamar a atenção de quem estiver lendo o seu currículo vai. Deve-se ter em mente que, durante o PhD algumas oportunidades de escrita possam surgir. Escrever enquanto o PhD se desenrolada pode ser um bom exercício, se houver tempo e principalmente assunto para se falar. A revisão de literatura que normalmente é o primeiro capítulo pode ser um bom começo. Algumas reflexões sobre o trabalho de campo também podem ser outra opção para as revistas que publicam 'relatos de experiência'. Infelizmente, algumas revistas não aceitam a publicação de não-doutores, especialmente no Brasil. Daí a oportunidade de escrever com o seu orientador. Ele pode entrar como co-autor e te ajudar a melhorar o texto e trazer reflexões sobre a sua pesquisa que às vezes a gente não tem maturidade para perceber. Mas nada desse negócio de por o nome só para poder 'passar'. Esse tipo de coisa é ridícula e acontece com muito pesquisador/orientador oportunista (e as pessoas se tocam porque a fofoca rola solta no mundo da pesquisa...). Mas voltando à conferência... o número que ouvi como 'bom' foi 6. Uma das professoras da universidade em que eu estava disse que se você tiver seis publicações com seu nome ele já passa a ser interessante para as universidades. Bom saber, assim já dá para ter um foco. Dois capítulos podem virar artigo de começo. Depois disso, outros assuntos depois que sua tese estiver pronta podem virar artigos, por exemplo, dependendo a sua estrutura de capítulos, cada um pode se tornar um artigo diferente. (Não esquecendo que teses com capítulos já publicados em revistas científicas têm um índice menor de reprovação...) E acho que nem preciso falar da diferença em publicar um artigo em Português em uma revista Qualis A1 e em uma revista internacional... Um site que acho bem útil para ter uma noção do panorama de revistas na área é: http://www.scimagojr.com/ Ele dá as informações da revista e o fator de impacto. É necessário ter em mente que o fator de impacto de uma revista em Ciências Sociais é muito menor que uma em Biociências, mas é só dar uma olhada em outras revistas para se ter uma noção de comparação. O jeito é focar no 6 e começar a produzir.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Congressos, conferências, seminários, simpósios...

Achei estranho que eu não tivesse postado nada sobre isso, já que essa é uma prática minha recorrente. Minha antiga orientadora sempre falava "participe de congressos, porque neles você conhece pessoas, mostra a sua pesquisa e se mantém atualizada sobre a pesquisas das outras pessoas". Ela sempre cobrava do grupo de estudo que ela coordenava que nós apresentássemos um trabalho no primeiro semestre e outro no segundo. Isso fazia com que a gente refletisse sobre a nossa pesquisa e andasse com o nosso trabalho, porque se o deadline de inscrição chegasse e a pesquisa não tivesse caminhado era um péssimo sinal. Com isso continuei a prática. Sempre que podia me inscrevia em um evento. A diferença é que aqui no UK a prática é outra. É muito comum eventos pequenos em que só alunos de pós se encontram para apresentar suas pesquisas. Esse ambiente não é assustado porque o perfil dos participantes é similar ao seu, então não há tanta briga de ego. Além disso as pesquisas podem ser apresentadas em qualquer estágio e daí você pode pedir feedback sobre o que apresentou. Esse formato ajuda e muito porque te prepara para o Viva (defesa) e levanta questões que às vezes são óbvias para o autor. Toda vez que apresento um estágio diferente da minha pesquisa, recebo perguntas diferentes que me fazem repensar o impacto e a validade que ela tem e a minha forma de apresentação. Sempre me questiono se as dúvidas que aparecem são em função de falhas da pesquisa em si ou na minha apresentação. Cada evento te torna mais confiante naquilo que você está falando e chega uma hora em que fica automático. Você acaba por "conversar sobre" a sua pesquisa e não "apresentá-la". Você também conhece muita gente que está no mesmo barco que você, enfrentando os mesmos problemas. Mesmo com focos e projetos diferentes, o processo é muito parecido e o evento acaba virando uma enorme sessão de terapia coletiva em que uns aprendem com os outros em como lidar com o dia a dia da pesquisa. Parcerias produtivas podem surgir de encontros como esses, pois você acaba conhecendo pessoas com o mesmo interesse, ou linha, ou problema e se acontecer de rolar uma afinidade, por que não escrever sobre isso? Vale a pena participar de eventos como esse. Nem sempre eles serão proveitosos, mas dá ver outras pesquisas e talvez outros enfoques para o mesmo problema que você nem sabia que existiam. E se estiver chata, você ainda pode sair mais e dar uma passeadinha pelo local sede. Nem tudo é flor em um jardim.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Gravações de áudio em reuniões - utilidade

Realmente o terceiro e último ano do PhD é estressante. Você produz, produz e não tem certeza de nada e essa paranóia pode te levar a não ver coisas que são óbvias e te fazer acreditar no pior. Taí a função de gravar arquivos de áudio. Eu tenho um pequeno problema de memória: depois de uma reunião eu não lembro direito do que foi discutido e não adianta tomar nota. Uma supervisão costuma conter muita informação não somente prática, como também teórica e toda sua atenção tem que estar 100%. Eu sou o tipo de pessoa que gosta de escrever, mas essas coisas não têm funcionado direito. O que aderi e meus orientadores sabem que eu faço para manter a rota e o plano é gravar todas as reuniões. Parece besteira, uma coisa simples e talvez desnecessária, mas vi a importância dessas gravações na minha última reunião. Depois de uns dois dias de reunião eu ouço novamente e não faço uma 'transcrição', eu faço anotações de coisas que acho importante, nomes e atitudes que devo tomar baseado no que foi acordado. Pois é... Eu não ouvi novamente minha última orientação e fiz algumas alterações em um dos meus capítulos de análise de forma radical. Minha decisão foi baseda na impressão que eu tive da reunião. Eu tive um tipo de registro: de que o meu trabalho não estava bom e que eu deveria refazer. Dois dias antes da minha próxima reunião e depois que eu já tinha submetido esse capítulo eu ouvi o áudio novamente. Eu entendi tudo errado! Eu tive a impressão de que meus orientadores me criticaram e eles não fizeram nada disso. Na verdade eles me elogiaram e muito, ou seja, eu ouvi o que eu quis. Como eu estava meio depressiva, interpretei o que eles me falaram da pior maneira e eu estava errada. Nunca mais vou fazer isso. Eu travei, não consegui escrever e tive dúvidas imbecis. E ainda por cima fui para a próxima reunião me sentindo uma otária pelo que eu alterei. Resumindo... Estou refazendo aquele capítulo recolocando o que estava certo e melhorando o que precisa ser melhorado. E não vou deixar de ouvir os áudios. Só acho que esses áudios não podem ser ouvidos no mesmo dia ou no dia seguinte da reunião porque aquela impressão que você teve da reunião ainda persiste. O melhor é se distanciar e daí ouvir atentamente o que foi decidido e dar um pouco de risada com as besteiras que a gente fala.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Incertezas

O post anterior também foi em relação às dúvidas que surgem ao longo do PhD. Na verdade, acho que não há um momento em que você não duvide do que está fazendo. Antes da tese concluída, você só pensa se está fazendo da melhor forma e da mais adequada. O que a gente esquece é que estamos fazendo da melhor forma POSSÍVEL. É o que deu. Não que isso invalide o esforço ou que o trabalho poderia ter sido melhor. Às vezes a gente não tem a maturidade para entender determinadas coisas. Às vezes a gente não percebe determinadas coisas. Daí entra o orientador. Meus orientadores são ótimos porque eles não percebem o meu doutorado como uma possibilidade minha de desenvolvimento de pesquisa. Minha pesquisa poderia ser qualquer coisa, desde um compilado de resultados como uma reflexão teórica profunda. O que eles estão focando não é somente em uma produção de qualidade, mas em uma produção que faça com os outros pesquisadores me reconheçam e considerem o meu trabalho como um trabalho de qualidade. Confio nos meus orientadores de olhos fechamos, mas às vezes, pelo fato de não perceber determinadas coisas que eles já possuem maturidade para tal, a ansiedade vem e daí a incerteza de estar fazendo um trabalho bom, razoável, ou o melhor. A gente deve ter a certeza de que, dentro das nossas possibilidades, estamos fazendo o nosso melhor trabalho e se os nossos orientadores estão do nosso lado, ótimo, podemos contar com eles. Confiar é fácil, difícil é ter a paciência e a resiliência durante todo o processo. Ainda mais quando o relógio tá marcando...

sábado, 19 de março de 2016

Dúvidas

Se a tese tem a estrutura adequada; Se cada capítulo reflete a sua pesquisa; Se os conteúdos estão bem explicados; Se você entendeu direito o que o seu orientador disse quando 'você deveria'... Se você usou a teoria mais relacionada; Se você usou os autores certos; Se você citou corretamente esses autores; Se você entendeu o que esses autores queria dizer quando... Se você analisou todos os dados; Se você não deixou passar nada durante a análise; Se a entrevista daquela pessoa que se recusou a participar faria a diferença; Se você usasse outra teoria o resultado seria outro (melhor); Se a banca vai entender; Se outros acadêmicos vão se interessar; Se vai dar tempo; Se você vai passar (com minor corrections); Se tem vida após o PhD...

sexta-feira, 11 de março de 2016

Davi x Golias

Os momentos de análise costumam ser bem práticos e a descrição da metodologia é bem direta. Porém, a reflexão, a escolha e a escrita da teoria envolve um trabalho intelectual bem grande. A pressão que se sente ao se escrever esse capítulo é enorme, pois você estará fazendo sentido do trabalho de grandes teóricos e de outros pesquisadores que estão desenvolvendo suas hipóteses. Esses pesquisadores provavelmente já estão pesquisando mais tempo que você e possuem um lugar na academia. O pensamento de que você pode falar uma grande besteira assombra o autor a todo momento. O capítulo de teoria, como toda revisão de literatura, deve falar do que há de mais inovador e atual em pesquisa em relação ao tema estudado e prover insights sobre como aquele tema será analisado. Mas o que mais é assustador não é falar dos outros, é ter consciência que você faz parte dos 'poucos' que ousaram interpretar filósofos contemporâneos, como Gilles Deleuze and Féliz Guattari, no meu caso. Uma vez que não há muita pesquisa na área utilizando os conceitos desses teóricos, não há muito o que se comentar em cima da pesquisa dos outros, mas desenvolver interpretações e tentar se fazer ouvir no meio dos gigantes. É como se você estivesse tentando entrar no Olimpo. (Na verdade não, porque quem está no Olimpo é Deleuze and Guattari, então é como se eu simples mortal, estivesse tentando falar com os semi-deuses). É como se a academia fosse o Golias cheio de experiência e você o mirrado Davi, que é pobre e desprovido de pesquisa. Enfim, a pressão que se sente ao tentar se fazer ouvir nesse meio e ser ouvido é muito grande e o auxílio dos orientadores nessa hora é muito bem-vindo. Eles poderão te guiar no que concerne às amarrações, às teorias são opostas e até mesmo no estilo de escrita para que sua tese seja fácil de entender. O que não se pode esquecer é que é você o responsável por essa voz, independente das consequências. Para o sucesso ou para o fracasso.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Parceiros / Colegas (ou não?)

A rotina do doutorado/PhD é muito solitária. Apesar de existirem disciplinas a serem cursadas em que você conhece algumas pessoas, aquilo que você faz depende somente de você. Nas Ciências Humanas, não há um laboratório em que você convive com outras pessoas. Você basicamente lê e escreve, havendo um trabalho intelectual. Dependendo da pesquisa, há trabalho de campo, em que você lida com pessoas com entrevistas, observações, aplicando questionários. Há ainda a possibilidade de 'action research', mas isso é só uma parte do trabalho. No momento em que você vai realmente construir o trabalho escrito ele é bem solitário. E, a menos que você tenha um office que você trabalhe com outras pessoas, você acaba se isolando em casa ou na biblioteca da Uni para escrever. Daí a interação social fica reduzida. É sempre bom estar no meio de pessoas que conheçam a sua pesquisa, em que você possa compartilhar aquilo que está martelando sua cabeça ou uma dificuldade qualquer. As pessoas acabam contribuindo com dois tipos de comentários: aqueles que realmente podem te ajudar porque elas estão vendo seu problema por outro ângulo; ou aqueles que não tem nada a ver e que te fazem perceber o quanto você conhece a sua pesquisa a ponto de saber a besteira que a outra pessoa está falando. Porém, você precisa discernir o tipo de pessoas que estão perto de você. Existem pessoas que podem legitimamente contribuirem com o seu trabalho, como existem pessoas que podem querer encarar isso como uma competição. É com essas pessoas que você tem que se preocupar. Algumas pessoas se sentem melhores e se auto-afirmam sempre na comparação com outras, colocando o que as outras conseguem em um plano inferior. Essas pessoas vão ficar sempre perguntando em que estágio sua pesquisa está, farão comentários sobre estar atrasado ou não, sobre as suas escolhas e métodos e utilizarão suas fraquezas e dúvidas para reafirmarem que a pesquisa delas são melhores. Cuidado com essas pessoas. Elas não fazem bem para você porque elas têm a capacidade de te colocar em dúvida sobre a sua própria competência. Na verdade, elas é que estão em dúvida sobre a pesquisa delas e precisam disso para se auto-afirmarem. Não caia nessa. Saiba identificar quem são seus futuros parceiros acadêmicos e ignore as pessoas negativas. Dê respostas vazias e sempre se coloque como superior ou a frente do que você está fazendo com um olhar positivo. E não dê trela, porque essas pessoas vão continuar a te fazer perguntas sobre o seu trabalho para ver se acham alguma falha. Use-as em seu benefício e saiba que é bom ficar longe delas em um futuro acadêmico.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Avaliando o processo de coleta de dados

O passar de uma fase para a outra em pesquisa não é simples. Terminar a coleta de dados e começar a análise demanda clareza e determinação, pois você sempre acha que está faltando alguma coisa, você sempre quer 'complementar' alguma coisa e isso se torna um processo sem fim. Às vezes não é possível fazer tudo o que a gente planeja no tempo determinado, mas é necessário focar no plano. Se o plano dizia que o terceiro ano era o ano da escrita, então vamos escrever. Nem todas as minhas entrevistas foram feitas, nem todo mundo que eu queria conversar me respondeu, nem todo mundo se interessou em participar. Não consegui observar o quanto eu queria, mas consegui o necessário para desenvolver a análise. Agora o que falta é escrever. Daí se inicia outro processo que é o de retomar a teoria, os conceitos a serem usados e a ouvir o que os dados falam. Um dos erros que o pesquisador pode cometer é tentar impor conceitos nos dados e não perceber a história que os dados estão contando. Observe os dados, ouça o que eles estão dizendo, principalmente aquilo que 'não se encaixa'. Normalmente esses dados são os que mais causam intriga e os que são mais interessantes.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Recomeçando

Acho que a melhor coisa que eu fiz antes de sair de férias foi organizar o que eu tinha feito, o que precisava ser feito e como eu achava que precisava fazer. Ficar duas semanas fora, sem contato com a pesquisa parece pouco, não o suficiente para esquecer alguma coisa. Porém, se você quer manter o foco em alerta porque o seu deadline está chegando não custa nada se organizar. Odeio ter a minha atenção chamada por incompetência e não tem mal nenhum em ser cuidadosa e gastar um pouco de tempo antes de sair de férias. Retomei tudo o que tinha feito, o que tinha conseguido e o que eu precisava fazer, estabelecendo novos parâmetros para assim que eu voltasse. Quando retornei, foi bem simples saber o que fazer e o porquê eu tinha organizado tudo daquela forma. Assim, essa primeira semana foi bem produtiva, tendo bons resultados. A próxima semana também será bem produtiva, com vários compromissos agendados. Agora é só começar a escrever de fato. Bom retorno.