quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Fora de ordem

Às vezes as pessoas se apegam a questão de organização e ordem que as "coisas devem acontecer".
Para uma pesquisa científica, há uma ordem "certa" de coisas a acontecerem: revisão bibliográfica; desenvolvimento (ou pelo menos o rascunho) da metodologia; coleta de dados; processamento dos dados coletados; análise e conclusão, com a escrita do trabalho.
Pois bem, essas coisas supostamente acontecem dessa forma porque:
1. você precisa conhecer o campo em que está desenvolvendo a pesquisa, os pesquisadores, o que está sendo dito e porquê para poder afirmar onde o seu trabalho se encaixa;
2. depois de saber o que tem sido pesquisado, você pode elaborar suas perguntas de pesquisa sobre a sua temática, identificar o problema e talvez elaborar uma hipótese;
3. com a estrutura do trabalho montado, você identifica qual será a metodologia de pesquisa, ou metodologias se for misturar ou triangular dados;
4. a partir da metodologia, você identifica quais serão as estratégias e instrumentos mais apropriados para coletar os dados que irão te ajudar a responder as suas perguntas;
5. depois de ter coletado os dados, você irá processá-los para ver o que eles estão dizendo, se há categorias que você pode identificar neles ou qualquer outra coisa;
6. quase no final você analisa o que encontrou a partir da metodologia e da teoria em que você está apoiando;
7. e tudo isso você relata de forma escrita.

No entanto, muitas coisas podem acontecer durante o processo trazendo o inesperado:
disciplinas que você precisa fazer ao mesmo tempo;
livros e artigos que você lê e acha que vai ajudar e na verdade só atrapalham;
participação em congressos e simpósios que te auxiliam a falar sobre a sua pesquisa e networking;
além da questão família, amigos, doença, férias, dinheiro, etc, etc, etc.

E você precisa dar conta de tudo. ou quase tudo. Mas principalmente no que compete à pesquisa.
Porém, acho que o maior inimigo que nós temos somos nós mesmos, principalmente se quisermos ser perfeitos naquilo que estamos fazendo.
O perfeccionismo pode levar as pessoas a não conseguir terminar o trabalho por sempre buscar trabalho perfeito e não o trabalho possível.
Ouvi durante as lectures que o PhD é só o começo. Ele não é definitivamente o seu trabalho, mas um rascunho do que o seu trabalho se tornará no futuro como um acadêmico.
Essa é uma boa ideia para se apegar e não cobrar de si mesmo algo que está além das nossas possibilidades e, na verdade, nem é esperado de nós.