terça-feira, 5 de maio de 2015

Orientadores

Tenho percebido que esse é um assunto delicado.
O número de alunos que reclamam de seus orientadores não é pequeno. Isso que faz pensar porquê.
Nunca tive problema com as minhas. Sorte? Maybe. Mas tentei olhar o meu caso e o caso das pessoas que têm reclamado.

Olhando o mestrado...
Construi uma relação com a minha orientadora por anos. Passei dois anos assistindo aulas dela na pós como 'ouvinte' e como aluna 'especial'. Usei esse tempo para conhecer a forma como ela trabalha, o foco de pesquisa e o perfil dos alunos que eram os orientandos dela. Foram mais quatro anos para elaborar o meu projeto de pesquisa e se aplicar no processo de seleção que, by the way, não era nada fácil para uma pessoa que se formou em outra universidade. Minha orientação foi muito tranquila e eu nunca tive melindre nos momentos em que ela me disse que eu precisava 'cortar' ou 'rescrever' alguma coisa. Nosso relacionamento pessoal é ótimo. Fizemos reuniões na casa dela quando as greves aconteciam ou quando a urgência das correções era grande. Ela me apoiou e me ouviu nos meus momentos pessoais delicados e escreveu a minha carta de recomendação para Birmingham.

Olhando o doutorado...
O processo do doutorado foi muito rápido, então não tive tempo de pensar muito e nem de construir uma relação, uma vez que eu tinha uma semana para achar uma pessoa. Por conta do tema da minha pesquisa eu tinha quatro áreas em que eu poderia me aplicar: Línguas, Educação, Mídias Digitais ou Filosofia. O International Office da Universidade de indicou uma pessoa em Línguas que lidava com Tecnologia. Conversei com ela após ela ler o meu projeto. Ela me disse que não tinha a menor ideia de quem era o Foucault. Isso me preocupou e me fez pesar se era mais importante eu ter alguém com experiência em línguas e tecnologia ou em filosofia. Troquei o meu approach. Vi que a minha maior dificuldade era o Foucault e que precisava de alguém para que ajudar nisso. O pessoal da linguística não está muito acostumado a lidar com o Foucault, então fui para a Educação e achei a minha 'lovely' supervisor. Ela é expert nele e nos estudos relacionados à area que eu precisava avançar. Conversamos uma vez por skype, mas ao encontrar com ela em pessoa a 'química rolou'.

Em ambos os casos eu não podia estar melhor amparada.
Ouvi de pessoas que vieram para cá que a universidade 'escolheu' o orientador. Mas como o pessoal da administração vai saber quem é a melhor pessoa para a sua pesquisa?
Acho que você precisa saber quem a pessoa é, os pontos fortes e deficitários da pesquisa dela, como ela poderá contribuir para o seu estudo. Serão no mínimo três e não tem nada pior do que um namoro 'crap' que você não consegue sair. Dar uma olhada nas publicações e periodicidade para ver o quanto a pessoa está envolvida com pesquisa. Ver qual é a atuação dela na universidade e principalmente se ela não vai se aposentar!!! Vários alunos foram largados, porque o professor ou mudou de universidade por conta de uma proposta melhor ou porque foi curtir a vida. Conversar com ex-orientandos? Talvez.

Mas uma coisa eu tenho certeza, esse negócio de começar uma relação 'no escuro' é muito arriscada!

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